Nesses longos meses em que fiquei sem postar muita coisa aconteceu. Precisei fazer escolhas, algumas acertadas, outras não. Tentei ao máximo preservar a paz interior, porque aprendi que nada é mais valioso para o nosso bem-estar do que manter a serenidade dos pensamentos e o amor-próprio. Mas, muitas vezes, me deixei levar pelo senso de responsabilidade e de justiça que integram um lado extremamente ideológico e - talvez rebelde - meu. Tive que frequentar novos ambientes, conhecer novas pessoas e estabelecer um novo reencontro comigo mesma. Essa foi a parte mais difícil. É muito cômodo andar ao lado de quem gostamos, de quem temos afinidades e em espaços que dominamos. O desafio, mesmo, mora no desconhecido. Lutar contra aquilo que não temos controle é um exercício diário. Para muitos, a forma mais fácil é se camuflar. Exagerar na gentileza, sorrir mesmo sem sentir graça, ser prestativo quando em casa é incapaz de carregar uma sacola do supermercado ou lavar um prato. Para mim, essa é a maneira mais difícil. Meu corpo fala, meu olho fala, a entonação da minha voz me entrega. E não é todo mundo que entende isso. A grande maioria prefere a velha "mentira sincera" de Cazuza. Eu, a "verdade" (claro que a verdade é relativa, arbitrária, mas aqui, nesse contexto, refere-se ao meu ideal de verdadeiro, ao verossímil).
Chegar em uma área ainda não percorrida, mesmo acessada por pessoas que você já conhece, é um entrave para mim, hoje. Percebi que a alienação tem lá seus lados positivos. Quando pensamos e ultrapassamos o óbvio nos tornamos companhias chatas, "reclamonas" e rebeldes. Isso quando não recebemos o rótulo de "geniosa". An ran... porque o bom mesmo era entrar na onda do senso comum e achar graça de tudo aquilo. Tudo bem que mais parece um espetáculo, mesmo, com performances surreais, mas daí omitir o que penso, as minhas convicções, é algo inadmissível para mim. Gosto de ter voz, gosto de ser gente, gosto de me sentir agente social. Nada que me cale ou me faça sentir uma marionete em cena permanece por muito tempo em minha vida. Aprendi a tomar decisão, aprendi que se pudermos mudar o nosso destino, que façamos isso. Não deixe que o outro escolha o seu próximo passo. Por isso, já coloquei meu tênis. Falta só tapar alguns buracos da estrada para que a minha passagem siga tranquila. Sou fã do livre-arbítrio e do direito de ir e vir.
Seja lá em qual situação estiver sem sentir prazer e bem-estar, mude. Somos protagonistas da nossa história e podemos com erros e acertos traçarmos caminhos mais saborosos. Não seja refém. Livre-se das amarras mesmo que, para isso, precise enfrentar o seu pior inimigo: você mesmo.