Vivemos numa época em que tudo é descartável. Já não gostamos mais do que gostávamos antes. Já não desejamos mais os mesmos desejos. Já não sonhamos mais os mesmos sonhos. No meio de tantas mudanças sociais precisamos acompanhar as tendências. Só que nesse processo de tudo-ao-mesmo-tempo-agora vamos entupindo os lixos ao nosso redor. Não temos mais tempo para esperar que o outro decida por nós. Não temos, na verdade, nem mais tolerância para que isso ocorra. Queremos mais. Sempre. E essa busca frenética e incessante de sermos alguém - mesmo sem saber, de fato, quem somos - implica na perda de alguns valores.
A contemporaneidade mexeu (mexe!)com nossas estruturas. Todas elas. Não quero mais o previsível. O amor também traz novo gosto. O tradicional, fechado, idealizado ganha outro formato. O amor também passou a ser colocado em prateleiras internas, em lixos imaginários que guardamos dentro de nós. O trabalho já não é mais suficiente, porque a cultura das organizações não avança e, por isso, as empresas não conseguem corresponder as nossas expectativas. A gestão falseada em participativa é tão angustiante quanto a declarada autoritária. A política "fala que eu te escuto" verticalizada ainda se mantém mesmo ciente que somos muito mais do que empregados, funcionários que devem apenas servir.
A família também começa a projetar novas estruturas. E o discurso religioso tenta resgatar o conceito clássico de que família é formada por pais e filhos juntos e que o casamento existe somente entre homens e mulheres. O conflito está feito. Vivemos no entremeio das convicções impostas pelas religiões e aquilo que, de fato, queremos fazer...
No meio de tantas angústias, como viver em paz?
Queria um receituário pronto, mas até o conceito de paz mudou. Aliás, tudo que escrevi já começa a perder sentido. Estamos nos refazendo a todo instante. E o tempo-espaço já perdeu também o valor. Esqueçam esse post. Ele já é passado.
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