sexta-feira, 9 de novembro de 2012

"Ninguém é bom por acaso; a virtude deve ser bem aprendida" (Chico Xavier)

A frase-título deste post nos inspira a pensar sobre o nosso papel aqui na Terra. Sempre me peguei pensando o que, de fato, vim fazer nesse lugar. Logo de início percebi que não estava a passeio e que a minha participação aqui não era contemplar o mar, as belezas da natureza em geral ou curtir festas e usufruir de prazeres terrenos como se tudo o que fizesse não tivesse um propósito. 

Até aí acho que encontrei uma linha de raciocínio. Será? Continuei e continuo observando o que ocorre ao meu redor. Conheci e conheço diariamente pessoas agradabilíssimas, daquelas que passaria horas conversando e falando desde os assuntos mais simples até aqueles mais complexos. Em contrapartida, também me deparei e me deparo com dissabores. Pessoas das quais não tenho e sinto que não terei afinidade para conversar ou receber em casa, mas que, certamente, não surgiu na minha vida por acaso. E são nessas horas que tenho a plena convicção de que não estamos numa colônia de férias. Como lidar com as situações adversas que surgem em nossa vida? Como gostar de quem não gosta da gente? O que seria esse gostar? 

Questionamentos que não tenho resposta e que gostaria de ter. Lá no fundo, sei que o ideal sempre é colocar em prática os ensinamentos de Cristo. Aquele que norteia a sua mensagem, a sua palavra: "Amai ao próximo como a ti mesmo". Mas como é difícil, né? Gostar de quem gosta da gente é simples e gostoso. Adoro receber meus amigos em casa, tenho prazer em preparar uma comidinha, petiscos e arrumar o espaço para ter uma noite em companhia daqueles que me fazem bem. O difícil mesmo é saber como agir com aqueles que não conseguimos identificar nenhuma linha de aproximação. Nada. Zero. Afinidade passou longe. 

Por isso, essa frase de Chico Xavier despertou a minha atenção. Ora, se "ninguém é bom por acaso e a virtude deve ser aprendida", segnifica dizer que ser bom é um exercício diário. Reconhecer as próprias limitações e frustrações ciente de que podemos nos lapidar e sermos pessoas melhores parece ser um ótimo começo. Parafraseando Aristóteles, ao afirmar que "somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito", chegamos a conclusão de que se passarmos a agir de acordo com a Lei de Amor, perdoando os nossos inimigos  constantemente, isso passará a ser um hábito e a dor ocasionada pelo orgulho ferido não existirá mais. 

Reconheço o quão és difícil e confesso que ainda não tenho essa evolução espiritual, mas ao escrever aqui começo a tomar consciência e retomar o meu papel aqui na Terra. O caminho é longo, mas com perseverança e humildade conseguiremos reverter o jogo e combater a vaidade e o ego. Afinal, tudo posso naquele que me fortalece. 


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"Não existe melhor travesseiro do que a nossa consciência tranquila"



A vida nos ensina o tempo inteiro. Por mais que vivencie histórias repetidas, cada uma delas traz uma mensagem final diferente. É como se tivéssemos de aprender, a qualquer custo, uma lição intrínseca àquela situação. Muitas vezes, de fato, o enredo é o mesmo, mas os personagens díspares. Daí a sensação de que a trama é outra.  Mas, no fundo, o conjunto da obra, mesmo com as suas particularidades, converge a tal ponto de nos desequilibrar de determinado eixo. 

Desde pequena, me deparei com pessoas que não se deram ao trabalho de me conhecer, mas não pouparam palavras para me julgar. Nessa fase, não sabia ao certo o que era isso. Não me incomodava e terminava relevando a opinião do outro partindo de uma justificativa simples: "ahhh.. é o que eles pensam. Paciência". Os anos foram passando e os julgamentos idem. Nesse processo, fui me conhecendo mais. Já não tive a mesma sabedoria de quando criança em entender que era o olhar de alguém sobre mim e nada mais. Também me peguei julgando. 

Foi quando, na adolescência, passei a me justificar da seguinte forma: "ahhh... eu também julgo, fazer o quê? Deve ser natural do ser humano".  Segundo Houaiss, o julgamento pode ser definido como "apreciação crítica, opinião (favorável ou desfavorável) sobre alguém ou algo". 

Hoje, adulta, já deveria ter superado o julgamento alheio, mas percebo que não consigo naturalizar em certos casos. Bom... talvez seja muito fácil julgarmos as roupas das artistas, o corte de cabelo, a cor do batom, o aspecto físico, a casa, os objetos que carrega, enfim, tudo aquilo que fica ao redor de outrem. O difícil e inconcebível para mim é julgar a moral, o caráter, a idoneidade e os aspectos emocionais do próximo sem, ao menos, baixar a guarda e tentar conhecê-lo. Existem pessoas que nos conhecem há anos e pouco sabem ao nosso respeito. 

O que nos tranquiliza é saber que, apesar da fala do outro, o que importa, mesmo, é a forma como o nosso coração se expressa. Se a minha intenção for boa, não devo me preocupar com a interpretação do julgador, afinal, ele carrega em sua história situações associativas que, muitas vezes, o levam para a pior perspectiva, por meio da negatividade. 

O que fazer quando encontramos no caminho pessoas que têm a necessidade de disseminar informações sobre você sem ter vivido ao seu lado? Orar e vigiar. Repensar se aquela informação tem fundamento. Caso tenha, vencer o orgulho e admitir que tal possibilidade pode ser benéfica para nos lapidar como seres humanos, trabalhando a humildade. Se nada tiver a ver com a nossa conduta, dormir em paz, afinal, como diz a sabedoria popular "não existe melhor travesseiro do que a nossa consciência tranquila". Revidar? Não precisa. O tempo, aquele sábio remédio, se encarregará de colocar tudo no eixo novamente sempre ancorado na justiça divina.