Como qualquer adolescente, era extremamente ansiosa. Fazia tudo correndo e tinha pressa de não sei o quê. E em um belo dia disse em alto e bom som que estava muito ansiosa com as provas escolares. Uma pessoa próxima virou para mim e disse: “Não precisa ficar ansiosa. Ansiedade é sintoma de quem não tem fé em Deus”. Ao ouvir isso, dei risada. Não como um deboche, mas achei que naquele contexto a pessoa que emitiu tal opinião estava sendo extremamente alienada. Afinal, eu jamais iria imaginar que o fato de estar ansiosa estivesse atrelado a algum questionamento religioso. Até porque, desde sempre fui muito ligada à espiritualidade e conversar com Deus sempre foi uma prática contínua em minha vida.
Os tempos passaram e mais amadurecida resgatei aquelas palavras que, naquele momento, não fizeram tanto sentido para mim. Ela queria dizer que quem tem fé em Deus não precisa ficar ansioso ou temer qualquer situação, porque Ele está à frente de tudo e no controle das nossas vidas. Nessa perspectiva, concordo. Acredito, mesmo, que estamos acompanhados e que não precisamos ter medo do amanhã, porque tudo acontecerá de acordo com a vontade de Deus e, também, com as nossas escolhas.
Mas aí eu pergunto. Por que as pessoas sofrem tanto? Por que as aflições as arrebatam de tal ponto que pensam em retirar a própria vida? Por que a angústia permanece em nossos corações por muito tempo? Como um Pai deixaria que seu filho sofresse tanto? Acredito que cada um já tenha pensado sobre isso e que vai de cada religião. O Espiritismo, religião que acredito, diz que o sofrimento faz parte do processo de evolução do espírito. Ressalta, ainda, que muitas aflições de hoje são conseqüências de encarnações passadas, mas que a grande maioria é causada nesta própria vida.
Acredito que a todo o momento nos deparamos com situações que fogem o nosso controle. Mas, cá entre nós, por mais doloroso que seja admitir isso, somos os principais causadores das nossas aflições. Uma escolha errada. Uma teimosia aflorada. Um sentimento de mágoa transbordando a garganta. Seja lá qual for o motivo, estimulamos e criamos a maioria das nossas aflições. Pode ser involuntário. Pode ser, inclusive, inconsciente.
Mas se fizermos uma reflexão do que tem tirado o nosso sono vamos identificar que temos “culpa no cartório”. Culpa aqui nesse contexto é apenas um termo popular, mas não acho que temos culpa de nada. Somos eternos aprendizes. Caminhamos tentando acertar e, nessas tentativas, também erramos. O importante é aprender com os erros e ser humilde para aceitar que não somos os donos da verdade e nem melhores do que ninguém.
Só que pense pelo lado positivo. Também poderemos eliminar as aflições que tanto nos entristecem. Que tanto nos colocam para baixo. Basta identificarmos quais são. Uma vez, dei uma dica aqui no Bendizer de como faço para resolver as minhas angústias. Anoto no papel tudo aquilo que tira o meu sono ou me deixa triste. Identifico ponto por ponto e vou para o ataque. Temos livre-arbítrio para mudar o que nos incomoda. Podemos recomeçar sempre. E, garanto, responsabilizar o outro pelas nossas aflições é dar vazão a um dos principais causadores da guerra: o orgulho.
O importante é seguir em frente, ter força, fé, acreditar em si mesmo e dissipar as aflições. Aprenda com elas, agradeça o aprendizado e se policie para não repetir novos erros. É difícil. Eu luto diariamente para que as mesmas aflições não venham ao meu encontro. Mas estou de olho nelas e, claro, em mim também.
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