quarta-feira, 16 de julho de 2008

"Toda saudade é uma espécie de velhice" (Guimarães Rosa)

Ahhhh... hoje quero falar sobre a saudade. Num outro momento da vida, registrei no blog que não gostava muito de sentir saudade, porque a saudade dói. Mas com o passar do tempo, percebi que sentir saudade é a prova de que o sangue está circulando no corpo. Afinal, é praticamente impossível viver sem desejar reencontrar pessoas que, por algum motivo, estão distantes fisicamente ou relembrar momentos da vida que, certamente, não voltam mais, como a nossa infância. É verdade. Como disse Guimarães Rosa, em Sertão Veredas, "toda saudade é uma espécie de velhice". A saudade só existe porque o tempo passa. ("o tempo voa e a poupança Bamerindus continua numa boa? kkkkkk Tirei essa do fundo do baú. Que saudade... rsrsrs)

Não sei se o mesmo ocorre com vocês, mas o que estimula meu sentimento saudosista é a música. Bastou ouvir uma canção que eu escutava em tal momento, para eu viajar no tempo. Dia desses tocou uma música de Raul Seixas e lá fui eu para os meus 12 anos. Lembrei do primeiro beijo. Outro dia, tocou Kid Abelha "eu gosto de ser cruel" e lembrei dos meus 13 anos, quando estudava no Colégio Apoio e dos amigos que fiz lá. Ai que emoção!

Quando estou dirigindo, toca a canção "Tô nem aí", de Luka, que marcou a minha entrada na faculdade e a minha liberdade. Tinha terminado um relacionamento de cinco anos. Me sentia livre. Ê felicidade... Essa música, para mim, tem cheiro de FIB, das Cyberamigas, do Tapioca e da Casa Amarela...

Num outro momento, ouvi um swing baixaria (sim, eu gosto de pagode) dos Sungas. "Galera bonita voltando da praia..." (hahahahah) e lá fui eu relembrar tais situações que vivi com Michele, minha amiga-parceira do pagodão. Aproveitei o gancho para pensar sobre os ensaios do Rock in Rio, principalmente, os da Nata do Samba. "Mas essa mina não me dá bola, fico na cola, na porta da escola..." (hahahahaha) Nessa época, as companheiras de plantão eram Mi e Chris. Que saudade!!!!!!!!!!!

A canção Drão, de Gilberto Gil, por exemplo, lembra anos antes dos meus pais se separarem, quando meu pai dedicou essa música para minha mãe. Posso ouvir em qualquer lugar do mundo: choro feito criança. "Drão, não pense na separação. Os meninos são todos sãos..." (tô chorando...) Saudade da minha família feliz.

E, para finalizar essa nostalgia, lembrei do meu casamento ouvindo Ana Carolina, "É isso aí", música que meu marido entrou na igreja. :))))))))))))))

A música, de fato, me transporta para períodos da minha vida que me tocam profundamente. É a prova de que estou viva, né? Às vezes me pego chorando, outras sorrindo. Isso só quem faz com a gente é a saudade, que, juntamente com o amor, é capaz de nos remeter a lugares adormecidos.

Para finalizar esse post, deixo aqui um verso de Carlos Drummond de Andrade sobre o amor.

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
amar e malamar,
amar e desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também e amar?
Amar o que o mar traz à praia
o que ee sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Um comentário:

Thiago Monteiro disse...

Amor,

Adorei este post. É isso mesmo, ainda bem que temos saudades!!

TE AMO