quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ahhh... Seu Jorge...

Você conhece alguém que está sempre sorrindo e é sinônimo de felicidade? Fora Fafá de Belém, que não não conheço pessoalmente, não consigo lembrar de mais ninguém. Claro que Fafá deve ter lá seus problemas, mas ela consegue passar a imagem de que consegue driblar as adversidades com maestria. No passado, também fui apontada referência de alegria e felicidade. Quando adolescente. Minhas amigas ficavam impressionadas como eu só vivia sorrindo, não reclamava da vida e ria de mim mesma sem me lamentar. E era verdade! Apesar da pouca idade, agia de forma mais madura do que hoje. Talvez por não ter conhecimento real de um determinado problema. Vivia, de fato, no meu mundo de Alice. E era tão bom... hoje tento uma reaproximação com esse universo fantasioso, mas vejo que, a cada dia, estou mais distante. É difícil depois de dar tantos passos longos reencontrar o caminho de volta. As cicatrizes continuam abertas. A felicidade, sem dúvida, é passageira. Às vezes, ela permanece por mais tempo. Outrora, não dá sinal de vida. 

É... quem dera ser Fafá de Belém para dar aquela boa gargalhada no meio de uma tempestade. É... quem dera ser "como os outros e rir das desgraças da vida ou fingir estar sempre bem, ver a leveza das coisas com humor", como destacou meu querido Renato Russo, em A Tempestade. O bom disso tudo é saber que muitas pessoas também já passaram por isso. Há um conforto coletivo capaz de nos tranquilizar a alma. 

Seu Jorge também demonstrou seus questionamentos sobre a felicidade terrena na canção Chatteron... e ele soube, exatamente, transcrever toda a minha revolta no último verso da sua música. Só não dá para pensar em tirar a vida. A vida vale muito mais do que qualquer momento de tristeza. O sol continua lá fora. 

Chatterton

Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem
Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isocrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem
Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Van Gogh, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu puta que pariu não vou nada bem...



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