sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Eu sou jornalista... e Kiko?

Há exatos três meses não escrevo aqui no blog. Motivo? Ando ácida. É verdade. Ando com vontade de mudar o mundo. Isso ocorre com os aquarianos sonhadores. E estou no topo dessa lista. Logo quando resolvi ficar no meu casulo e deixar esse espaço inativo estava numa fase de reflexão. Sim! Quem eu sou? Pra onde vou? Quem são essas pessoas ao meu redor? rsrsrs E todo esse tempo se passou e continuo sem essas respostas. Daí resolvi "chutar o pau da barraca" e deixar essas perguntas de lado. Meu pai já dizia - "se pensar muito, ficaremos loucos", no sentido literal da palavra. E é bem certo isso, para mim. Quando começo a pensar demais, não dá certo. Parafraseando Lenine, "às vezes parece até que a gente deu um nó". 

E quando achava que tudo ia ficar acalmo, uma vez que atingi a aceitação dos fatos e das minhas inquietudes, lá vem a história da menina Eloá. É impossível, para mim, abordar essa tragédia sem falar da cobertura da imprensa. Reconheço que não posso participar da polêmica sobre a invasão dos policiais, porque não tenho competência para tal, mas falar da minha percepção sobre os meus colegas jornalistas é praticamente inevitável. 

Quando entrei para a faculdade de jornalismo, há sete anos, tinha um sonho: levar à população os fatos mais importantes e relevantes da minha cidade com responsabilidade e função social. Durante os quatro anos de academia, permaneci com essa idealização. Mas hoje, percebo que a prática jornalística é mais cruel, leviana e irresponsável do que imaginava. Claro que toda regra tem sua exceção, mas no caso Eloá difícil não ficar chocado com 90% dos veículos de comunicação do País. 

Que espetáculo! Que irresponsabilidade! Para mim, eles deveriam ser interrogados também e punidos pela participação equivocada nesse sequestro. Como podem as emissoras de TV transmitirem ao vivo o sequestro, mostrando todo o esquema da polícia e sabendo, claro, que o tal sequestrador assistia a tudo "de camarote"? Sem dúvida, para mim, a imprensa prejudicou o andamento das negociações dando lugar de fala para um bandido! Será que isso só ocorre aqui? Pelo amor de Deus! Um sequestrador dá entrevistas em rede nacional contando o que motivou tal ação e, ainda, os jornalistas se acham no direito de desempenhar a função da polícia negociando a libertação das reféns. Nossa... quanta falta de responsabilidade!

Acho que é por isso que vira e mexe surge a polêmica da obrigatoriedade do diploma de jornalista. Afinal, esse povo estudou para quê? Notícia, produto à venda? Por essas e outras tenho repensado sobre a profissão que escolhi. Somos todos irresponsáveis socialmente. E, além disso, temos "tara" por personagens. Que desejo insaciável é esse de sempre mostrar casos e casos para a opinião pública sem acompanhar o desenrolar das histórias? Que desejo perverso é esse de expor uma situação para aumentar pontos de audiência numa tentativa de sensibilizar o outro? 

Estou, de fato, num momento de partida. Buscando novos vôos. Já passei por algumas redações. A experiência é válida, mas demonstra claramente o quão díspare é das páginas dos livros. Da ideologia de quem saiu da faculdade depois de fazer um juramento: 

Juro, no exercício das funções de meu grau, assumir meu compromisso com a verdade e com a informação. Juro empenhar todos os meus atos e palavras, meus esforços e meus conhecimentos para a construção de uma nação consciente de sua história e de sua capacidade. Juro, no exercício do meu dever profissional, não omitir, não mentir e não distorcer informações, não manipular dados e, acima de tudo, não subordinar em favor de interesses pessoais o direito do cidadão à informação.


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