segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"Uma única palavra posta fora do lugar estraga o pensamento mais bonito." (Voltaire)

Desde adolescente ouço uma frase da minha mãe que tem tudo a ver com esse post: "o mal é o que sai da boca do homem". Vez por outra, ela dizia isso e, muitas vezes, não sabia ao certo o que ela queria falar, porque não entendia com exatidão o contexto da sua fala e nem o que lhe motivava a verbalizar tal expressão. Os anos se passaram e comecei a reproduzir também essa frase. A palavra é tão importante quanto o ar que respiramos. Sim. É através dela - além das diversas outras linguagens - que conseguimos dialogar e materializar nosso pensamento. Até aí, tudo bem. Só que, muitas pessoas, têm o dom de utilizar a palavra como instrumento de discórdia. Será que você já conheceu alguém que não consegue se encaixar num papo e ser agradável? Ou aquela pessoa que fala absolutamente tudo o que você não quer ouvir? E mais, fala achando que está abafando? Tenho atraído pessoas assim e começo a ficar preocupada, angustiada e com vontade de sumir. 

Reconheço, ainda, que não é só a palavra que nos revela. A Análise do Discurso traz o conceito de que a língua é a materialização do discurso que, por sua vez, é formado pelo sujeito, ideologia e historicidade. Ou seja: revelamos, de várias formas, quem somos, porque a nossa língua tem como pano de fundo as nossas idéias e, as nossas idéias, são formadas a partir da nossa história. Bom, que papo de maluco, né? Não. É isso que me faz dissipar a má impressão que tenho de algumas pessoas que abrem a boca para "causar". Penso: "coitado, deve ter sofrido muito nessa vida". "Tadinho, é falta de amor". Toda essa introdução é para dizer que devemos ter cuidado com o que dizemos e, mais ainda, com o que pensamos e sentimos. 

Eu, por exemplo, não preciso apenas da palavra para demonstrar que não gostei de algo. Meu corpo inteiro fala. Meus olhos me entregam. Preciso redobrar a atenção com os sinais que entrego ao interlocutor. É sério. E, quase sempre, fico constrangida com isso. Não consigo disfarçar e, muitas vezes, termino machucando o próximo. Sempre fui explosiva, não sei como tratar isso (alguém, sabe????) e, confesso, que para mim é difícil ouvir certas coisas sem soltar o meu verbo. Só que, em alguns casos, prefiro engolir e fazer uma sopa de letrinhas no estômago. Por quê? Caridade. A caridade também ocorre dessa forma. Para que responder se aquela opinião é intrínseca àquela pessoa? E para que buscar novas palavras se aquele repertório é tão pouco abastecido? 

"A palavra é o espelho da alma: tal o homem, tal a palavra". 

Um comentário:

Letícia Liberty Bell disse...

Tem toda razão.
E sabe o que também me impressiona?
Uma mesma palavra, dependendo da forma como é dita, pode provocar um número sem fim de reações diferentes...
Talvez por isso amemos tanto escrever. Pq com corpo, alma e poesia a gente consegue ser plena.
Beijos...