terça-feira, 27 de maio de 2008

"Estou aproveitando aqui cada segundo antes que tudo isso vire uma tragédia"

A música sempre esteve presente em minha vida. Recordo que bastava ouvir uma canção para dançar. Podia ser num supermercado, num shopping ou numa farmácia. Minha mãe tentava repudiar a minha postura, mas não tinha êxito. Era maior do que qualquer observação. E essa é outra característica minha. Quando estou convicta de que minha ação não prejudicará ninguém e quero praticá-la, não deixo que a opinião de outras pessoas interfiram na minha decisão. Mesmo que seja minha mãe. Teimosia ou sensatez com o que acredito?

Esse "déjà vu" é para adentrar num assunto que mexe com os meus sentidos, com a minha pele, respiração e postura. O que vocês acham desses versos da Pitty,na canção Na Sua Estante?

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu...

Esse pequeno trecho traz em seu enunciado uma doença que eu abomino: INDIFERENÇA. Posso estar sendo severa e ríspida, mas ser indiferente, para mim, é ter uma patologia crônica na alma. Sabe aquela pessoa que está ali, no cantinho dele, precisando de ajuda, de atenção e de até uma palavra, mas você finge que não enxerga para não ter trabalho? Ou até mesmo uma atitude bem banal, como alguém lhe perguntar onde fica uma loja dentro de um shopping e você se quer olhar para a pessoa e tentar ajudá-la? Pois bem. Atitudes como essas têm sido cada vez mais comuns em meu dia-a-dia. Presencio no trabalho, no banco, na faculdade, nas relações familiares...

Em relacionamentos também é bem comum. Canso de observar pessoas que tratam seus parceiros como qualquer objeto inanimado, como porta, pedra, cadeira e mesa, como destacou a roqueira baiana. E o interessante disso tudo é que essas ações são totalmente banalizadas a ponto do outro não enxergar isso. Mas, como o mundo é redondo e dá voltas, um dia da caça e outro do caçador. Por isso, até em canções que abordam esse assunto mostram que, em sua maioria, pessoas que agem assim tendem a se arrepender quando perdem a pessoa amada.

E, então, o que fazer? Torcer para que o outro esteja aberto ao perdão, rever posturas e tentar se policiar mais para não cometer tal dano. Dano a auto-estima, a moral, a integridade humana e a saúde mental. Pelo menos, é assim que defino a indiferença. Acho que já tive algum trauma de infância, porque não a tolero. E se fosse elencar defeitos que, certamente, me fariam deixar de amar, gostar ou conviver com uma pessoa, sem dúvida, ela estaria no ranking.

Quem quiser que fique na estante de bobeira. O sol está lá fora e o tempo urge!


Na Sua Estante
Composição: Pitty

Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar a minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam
E essa abstinência uma hora vai passar...

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