sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano" (Clarice Lispector)

A frase-título deste post, para mim, é a personificação de uma visão otimista. Sim, Clarice. Eu também achava até dia desses que o ser humano deseja, sim, ser cada vez mais "humano", mas com o passar do tempo comecei a entrar em conflito interno quando penso nisso. Lembro-me que no BBB5 tinha um participante que eu detestava: o médico Rogério, chamado carinhosamente como Gê. Na saída do confinamento, o dito cujo soltou a seguinte frase: "Quanto mais eu conheço os homens, mais eu amo meus cachorros". Nossa. Se eu já não gostava dele avaliando de longe a sua postura com os demais "colegas", quando ele disse isso senti pavor. A frase soou de uma forma tão agressiva aos meus ouvidos que pensei: "Como assim, um cara diz um negócio desses? Como assim, quanto mais ele conhece pessoas, mais ele gosta do cachorro dele?" É assim que ele enxerga nós, seres humanos? Será que ele também se incluiu quando disse isso? 

Não, gente. Não estou querendo subestimar os animais e nem levantar uma polêmica de que somos seres superiores porque, teoricamente, raciocinamos. Mas, dentro do meu íntimo, essa frase é incoerente e irritante. Já conheci pessoas que também preferem lidar com os animais do que lidar com seres humanos e, coincidência à parte, todas elas são pessoas que não tiveram amor na infância ou são, de fato, mal amadas. Você gostar de animais é bacana. Acho até fofo. Mas daí você querer comparar e determinar isso é demais para minha cabeça... Mesmo sendo ultra-mega-louco, eu acho que começo a "entender" e não compreender o que o Gê queria dizer com aquela frase e, assim como ele, já me deparei com situações que me deixaram sem acreditar no homem. Aliás, vira e mexe isso acontece. Pode ser com "amigos", "inimigos", "colegas" ou ícones da TV. Existem pessoas que eu tenho pavor, fobia, e que me causam um mal-estar que um outro animalzinho não me causaria, confesso. Hum... acho que está aí a afirmativa do ex-BBB. 

Mas toda essa conversa é para chegar num outro assunto que envolve a crueldade humana. É para chegar até a morte do ex-marido da Susana Vieira, Marcelo Silva. Senhor, tende piedade de nós! Tenho visto/ouvido/lido tanta barbaridade que, às vezes, preciso criar um distanciamento para não me envolver demais. Acho que todos vocês viram o que Ana Maria Braga disse em seu programa em novembro a respeito da traição que envolveu a atriz da Globo. Para ela, ele, o Marcelo,  era um vagabundo e que se desaparecesse seria melhor para todo mundo. Tudo bem que, certamente, ela quis defender a amiga, mas daí usar o seu microfone e uma rede televisiva como a Globo para "desabafar" é demais. Quando vi isso no You Tube, tive pena da Ana Maria Braga. Às vezes, raiva e, outras, decepção. Sei que apesar de não devermos julgar, julgamos. Sei, também, que ela queria poupar Susana de alguma forma e ajudá-la declarando seu apoio. Mas, pera aí. Esse rapaz também tinha família, sabe? E foi muito cruel. Como se não bastasse tudo isso, ela resolveu falar hoje no seu "MAIS EU"...  Mas o que é um "peido para quem já está cagado?" (desculpe a expressão, mas não achei outra!). "Acho que é preciso muita coragem para acabar com a própria vida. Tenho pena das pessoas envolvidas com ele, porque acabam se machucando também", disse Braga. Gente, cá entre nós. Quem aqui conhece ou já conheceu alguém que usa cocaína? Sem dúvida, a grande maioria dos internautas. Mas acontece que nenhum deles pensa que vai morrer com o uso da droga. Além disso, eles não usam à toa. Existe um problema muito maior por trás e, por isso, que eu acho que antes de atirar a pedra devemos ter piedade e compaixão pelo próximo. Lembro que quando Ana Maria Braga teve câncer orei muito para que ela se saísse dessa, assim como milhares de brasileiros. E Deus ajude que ela nunca tenha um filho, um marido, um parente que seja viciado em qualquer droga. Ainda bem que na minha família não existe, mas costumo me colocar no lugar do outro. Depois de falar tanta barbaridade ela leu uma oração. A partir de hoje, não dou mais audiência para ela. Fiquei decepcionada. Que falso moralismo, que "pré-conceito" é esse? Quem ela pensa que é? Ela também é humana e todos nós temos a mesma probabilidade de acertos e erros. Fico P da vida com isso. E essa é a forma que tenho para demonstrar minha indignação. 

Aí, além de Ana Maria Braga, Astrid Fontenelle também resolveu opinar sobre a morte de Marcelo. "Crônica de uma morte anunciada. E, desculpe, mas também não fico com pena, não era jovem, teve informação, oportunidades para sair dessa roubada que é o vício, e não foi forte", escreveu Astrid em seu blog. Meu Deus... como se fosse fácil ser forte para quem está num abismo e está completamente inserido num vício. Como se ter informação fosse suficiente para não usar droga. Se isso fosse verdade, não existiriam tantos famosos ricos e que estudaram em grandes escolas internados em clínicas pelo mundo afora.  Acho esse argumento dela incosistente e, o pior de tudo, desumano. 

Não quero com esse post defender o Marcelo, até porque não tenho lugar de fala para isso. E, muito menos, querer eternizá-lo como bonzinho só porque está morto. Não. Não é isso. Eu apenas fiquei horrorizada com essas declarações. Parece que essas apresentadoras estão em cima de um pedestal e que com elas seriam diferentes. Sei que estou escrevendo parecendo que sou à favor das drogas (não, não sou e também não uso), mas acho que faltou um olhar de compaixão, sabe? O ser humano tem isso de apontar para o vizinho esquecendo que existem três dedos apontando para si mesmo. 

Que Marcelo possa descansar, mesmo, em paz (como disse a Susana), que a família dele tenha resignação e paz e que a Fernanda Cunha consiga sair ilesa dessa. Afinal, estão querendo também culpar a garota pela demora do atendimento. Pode? Luciana Gimenez ontem tava dizendo que ela deveria ter ligado para a ambulância antes de ligar para a mãe dele. Desculpa aí mas se meu marido tivesse qualquer coisa eu ligaria primeiro para a família dele, até porque num estado de nervos você precisa de apoio e, certamente, ela não acharia que ele morreria por isso. 

Desculpem o desabafo, mas achei péssima a postura da Ana Maria Braga (duplamente) e da Astrid Fontenelle. Isso me tocou profundamente, porque Marcelo pode ser o meu irmão e o seu. Porque Marcelo pode ser meu pai e o seu. Porque Marcelo pode ser meu primo e o seu. Porque Marcelo é, acima de tudo, um ser humano. Como eu, como você. 

PIEDADE !

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