quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Reúno em mim mesmo a teoria e a prática" (Machado de Assis)

Em tempos de Capitu, minissérie que acabou de passar na Globo, nada melhor do que revisitar Machado de Assis. Lembro-me que ele foi, de fato, o primeiro autor que mexeu com a minha imaginação de adolescente. A dúvida da traição no livro Dom Casmurro me fez viajar nas aulas de Charles, no Colégio Portinari. Nossa... ia e voltava em cada palavra, frase ou detalhe. Além disso, pude conhecer um pouco melhor sobre esse autor que era bem contemporâneo para a sua época. Não quero tornar esse post um link para a literatura brasileira, porque teria que resgatar outros autores do Realismo, nem chegar a Eça de Queiroz ou José de Alencar, outros nomes da época. Mas o que me faz retomar Machado aqui no Bendizer é uma de suas afirmativas polêmicas: "Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejo, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento". Cheguei a rir quando me deparei com esse texto. Não que eu concorde, de fato, com tal opinião, mas ela, sem dúvida, chega a ser intrigante. Sei que a fé pode sobreviver muito bem sem uma religião e que amor nem sempre é sinônimo de casamento. Aliás, quantos amores se concretizaram no altar e quantos buscaram outros caminhos? Quantos amores se quer chegaram a ter tamanha oportunidade? Já a fé em Deus vai além do que qualquer doutrina para mim. Ela existe e não vai ser um pastor, um padre, um espírita que vai me fazer acreditar em nosso Pai ou estimular em mim a prática do bem. Ela já existe em mim. Por si só. 

Mas, como Machado de Assis, também tenho personalidade e acredito em minhas convicções. No final do livro Brás Cubas, ele fez uma afirmativa também polêmica "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria". Ele, sem dúvida, tinha uma visão bem pessimista da vida e levava isso para seus personagens. Às vezes, tenho uma postura bem similar, mesmo sabendo que deveria enxergar o sol em plena tempestade. É Machado. Não foi à toa que você marcou a literatura brasileira em pleno Realismo. Seria demais dizer que ele é realista até hoje? 

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