sábado, 1 de novembro de 2008

"Loucura maior nesse escuro ele achar que é estrela..."

Estou cá com os meus botões. Penso sobre o que a vaidade é capaz na vida de uma pessoa. Já atuei em redações, mas o que gosto mesmo é de trabalhar com comunicação organizacional, mais precisamente, a comunicação institucional. E tudo isso pode ser contextualizado num ambiente extremamente contraditório e cheio de vaidades. Aliás, o jornalista por si só é vaidoso e eu me incluo nisso. Talvez porque, para muitos, essa profissão pode ser exercida sem a necessidade de conhecimento científico prévio. Ou, vulgarmente dizendo, "sem sentar a bunda na Universidade", sem diploma. O fato desse não reconhecimento de boa parte da socidade nos leva a uma busca incessante de inserção no imaginário coletivo como sendo um profissional fundamental para o desenvolvimento social. Em contrapartida, apesar de muitos também acharem que a imprensa é o quarto poder, na prática, não somos respeitados como profissionais - a grande maioria que não aparece na Rede Globo. E daí cria-se um ciclo vicioso de vaidades e auto afirmações. Precisamos acreditar que somos importantes. Imagine uma sociedade sem informação? Mas isso me renderia outro post. 

O viés que me instiga a escrever sobre isso remete à necessidade que as pessoas têm em "aparecer" na mídia para massagear seu ego e, com isso, "dormir em paz". Trabalhando nessa área há sete anos,  (sim, desde o primeiro semestre de faculdade consegui estagiar no ramo e não parei mais, graças a Deus) é transparente a relação de simbiose entre as pessoas (fontes ou não) e a mídia. Há uma louca necessidade de sair nos jornais. E isso me irrita demais! Quando as pessoas sabem que eu trabalho com comunicação organizacional e relacionamento com a imprensa elas tendem a me consultar e pedir estratégias para sair na imprensa. Pode? Como isso me irrita...

Mas o ápice da minha angústia sobre isso é quando vejo "artistas" (ou pseudo artistas) usando a ação social como artifício de divulgação e associação de imagem. Tem um cantor de uma bandinha aí que vou lhe dizer... só em ouvi-lo cantar tenho pavor. Para mim, ele é um fake total e oportunista. Adora pongar em campanhas sociais para acionar sua assessoria de imprensa e, em seguida, descumprir um acordo firmado para a sua participação na instituição. Rapaz... isso me deixa P da vida. Acredito que só cresce na vida quem é bom. Quem trabalha de coração aberto. Quando algum cliente chega para mim dizendo que conseguiu fechar uma parceria com tal artista,  pergunto (já sabendo a resposta) qual a contrapartida. Quando ouço a palavra mídia, chego a ficar arrepiada. Mas meu trabalho é justamente esse. Hoje, não me vejo apenas como assessora de comunicação. Mas sim, como educadora. O tempo todo precisamos educar os empresários e criar uma cultura sobre a importância da comunicação nas organizações. Não dá para compactuar com esse mercado.

Por isso, começo a perceber que a vaidade humana é tão traiçoeira quanto a ambição. Quanto mais você tem, mais você quer. E quanto maior a altura, maior o tombo. Mas isso tudo me faz repensar também. Se isso me incomoda tanto é porque chego a ser tão vaidosa quanto o dito cujo. Sei lá... mas minha mãe sempre diz que quando uma coisa incomoda muito no outro é porque é um defeito nosso também. E como disse François La Rochefoucauld, "a vaidade dos outros nos é insuportável, pois ofende a nossa". E é verdade mesmo. Também sou vaidosa, confesso, mas jamais usaria problemas sociais para me auto promover. Aí é abusar da boa fé das pessoas e ter o Rei na barriga. E como bem disse Luciano, da banda Mosiah, "... tem que tirar o rei de dentro da barriga, por quê? Barriga é feita para comida. Cadê? Comida dentro da barriga?"

No mais é isso...

Preciso trabalhar a minha vaidade. Enquanto isso, continuo me irritando...

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